sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Brincadeira de Índio

"'Programa de índio designa' atividade ou entretenimento chato, sem graça, aborrecido, lembrando a indolência que grassa nas aldeias, principalmente em dias de calor, quando não há o que fazer a não ser render-se à preguiça." (Dionísio da Silva)

Programa de índio? Eu já fiz sim!!! E vários!!!!

Quem nunca fez que me atire a primeira flecha, cocar, me mande falar com o Pagé ou mande-me fazer a dança do sol (porque a da chuva já tá muito manjada)!!!! Só não vale incendiar a oca, isso pode causar sérios danos à aldeia, ok?

Vou comentar alguns aqui e, obviamente, aceito sugestões para "Programa de Índio - parte II, III..." e assim sucessivamente, tal a infinidade de programas que eu não recomendaria nem mesmo a um índio em incursão pela cidade grande.
  • Passear (andar) no shopping center: é sem dúvida muito indígena um passeio assim. Qual a graça de olhar vitrines? O 'rolê' fica ainda pior se você estiver sem um só real no bolso. Os cifrões saltando das etiquetas e seu estômago pulando na barriga ao passar pela praça de alimentação. É deprimente. O pior é dar voltas, voltas e voltas sem finalidade. E olha que conheço gente que simplesmente a-d-o-r-a esse 'programa'. Programa por programa, em se tratando de shopping, eu seria capaz de assistir até o Raul Gil.
  • Ir para a praia em feriados prolongados, reveillon e afins: eu amo sol, praia, areia, brisa, maresia. É tudo de bom. O que não é bom é enfrentar horas em um master-blaster-mega-super-hiper congestionamento de 8 horas para chegar, na mísera hípótese, ao Guarujá. Mas tem mais. Nessas ocasiões o povo sai como que em fuga da cidade, aí vira o caos. 'O litoral' lota. Tem fila até para respirar. Isso quando não acaba a água. Da última vez em que me aventurei em uma empreitada dessa, nem água engarrafada havia nos grandes supermercados. Mas 'vale a pena', né? Pra mim não serve. E o transito da volta? Ou a fim de evitar o tráfago intenso, tem o super intencionado que sugere voltar um dia antes. Feriado pra quê?
  • Chá-bar, chá de panela, chá de cozinha e variações: é apenas uma vingança, afinal os homens são pioneiros na invenção da despedida de solteiro, não é? Enquanto os 'cuecas' caem na balada, a moçoila e futura esposa  recebe uma sex shop de presente - mas para usar com o futuro marido, que deve estar nesse momento em uma 'casa de moças' -, e, além desses mimos recebe saleiro, faquinha de manteiga, utensílios de cozinha em geral.  Tudo regado à muito álcool. No dia seguinte ela amanhece imersa em papéis de presentes, o que sobrou das 'prendas' que pagou, o rosto ainda com resquícios do batom 24 horas que a amiga pintou as bochechas e uma dúvida cruel: o que o futuro (ex) marido aprontou na despedida de solteirO.
  • Festa da empresa: não há nada pior! Alguém tem dúvidas sobre qual o assunto das rodinhas da festa? Quem respondeu 'trabalho', acertou. Só que na festa o assunto será regado, também, a álcool. Se for um aniversário - que geralmente é do tipo coletivo, onde são homenageados os aniversariantes do mês -, não há nada pior do que o colega engraçadinho que pede o discurso pra quebrar o sîlêncio 'pós parabéns' ou a secretária idosa que puxa o 'com quem será?'. Se for festa de final de ano é ainda pior. O Cavalo de Tróia (o da História mesmo!) e uma caixa de presente de amigo secreto, para mim, representam a mesma coisa: de lá de dentro pode-se esperar que saia QUALQUER coisa! Sempre tem o que bebe muito, o chefe que olha os funcionários se matando pela comida e a funcionária que bebe demais e falta no dia seguinte por causa da dor de cabeça. 
  • Assistir filmagem de casamento, batizado, formatura e similares: é uma das torturas da modernidade. Antes da grandiosa exibição você terá primeiro de folhear o álbum. O roteiro do filme é o mesmo. Sensação de dèja vu. A mulher de branco, aquele povo todo de roupa e de gente brega (nos incluamos na cena, afinal estávamos no evento, ok?), brilhos e paetês em protusão de cores. O povo com aquela cara de susto e disfarçando quando o 'cinegrafista' dá aquele close enquanto você mastiga o canto da boca. São comuns no as crianças correndo (aquela tremida básica que representa uma delas quase derrubando o portador da câmera), o tio que está bebendo desde a despedida de solteiro do noivo e decide cair no meio da pista de dança, a tia gorducha que quer ajudar o garçon, o primo que é metido a dançarino. Quem segura a vontade de tirar um cochilo rezando pra 'aplaudirem' ao final da exibição e você ter tempo de fazer aquela cara de 'Ok ficou ótimo!'?
  • Aniversário de criança: todos nós já fomos a um aniversário infantil. Se for em um buffet é a barbárie. Aquela criançada enlouquecida pra lá e pra cá com aqueles brinquedos. Mas e a festa? Os adultos sentam-se e grudam nas cadeiras, das quais só se levantam na hora de ir embora. Se for na casa da criança, dê sorte de não ser o aniversário do seu filho. Ao final da festa seu cachorro poderá ter ido embora da casa, seu tapete será no tom 'brigadeiro' e você ainda corre o risco de encontrar alguma criança escondida debaixo da cama esperando terminar a brincadeira de pique-esconde.
  • Chá de bebê: o convitinho com o desenho da cegonha é apenas a isca para a roubada. Você abre o lindinho convite e já tem de colocar a mão no bolso. Geralmente é pedido um pacote de fraldas (tem mãe que especifica a marca, tá?) e mais uma 'bobeirinha' pro bebê. A futura mamãe é ridiculariza pagando castigos dos mais variados tipos. O assunto da festa são bebês, crianças, enjoos, parto, estrias e pré natal. É também uma 'festa vingança', afinal no melhor da festa, as amigas foram esquecidas: o 'feitio' do bebê.

Pensem muito bem antes de sair aceitando qualquer tipo de convite. Atente à pessoa que está convidando, o local que será  visitado, à balada que está indo. Depois que embarcamos na canoa furada do índio dificilmente conseguimos remar para trás e fazer o caminho 'de volta ao lar'.

Fica a dica!!!!!

Bjoks da Amanda


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